sábado, 13 de outubro de 2007

dark love, let's go baby

Sabia-se que o caminho era inseguro... Era impossível ver além do nevoeiro... A sensação de frio era intensa, e os sons que os ouvidos podiam captar, eram sons de arvores revoltas, que moviam-se, parecendo quase estar vivas... O vento também sussurrava forte, avisando-me os perigos de onde andava... De repente, águias surpreenderam-me ferozmente e com um galho tentei afastá-los para longe dos meus olhos... Sim, essas águias nutriam-se de olhos humanos... Na fuga desesperada, acabei entrando em uma gruta... Uma fina camada de água fazia da gruta um lugar mais aquecido.. Água aquecida pensei... Uma cisterna de água, onde possivelmente abrigue algumas vidas... As paredes da gruta tornavam-na um pequeno ambiente aquecido no meio daquele gélido e ameaçador inferno que eu me deparara minutos antes.. Acendi meu isqueiro bic na tentativa de encontrar algum montinho que me servisse de apoio naquela tórrida noite... E o único monte visualizado por esses meus olhos disputados por águias, foi um monte de corpos mutilados e sangrentos...
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Deus.. Será este o meu fim? Terrível fim terei esta noite... Devia ter escutado o vento, que uivou detalhes em meus ouvidos e eu insensível, nem sequer atenção lhes concedi... Uma claridade de repente, cegou-me... Luz deveras forte... Tão forte que ensurdecia tamanha dor captada pelas íris... Dor ensurdecedora... Gritei muda, arranquei os cabelos... De que adiantaria desespero quando não se sabe o q acontecerá? Em algumas situações, a vida é deveras dura, tanto quanto a claridade... Impõe-lhe situações que por mais dolorosa que pareçam, são proveitosas, instigantes... Faz-te sentir-se vivo... Viver sem sentir o peito doer é triste... Pela dor, reconheces o amor... E valoriza passos inseguros que um dia ousastes pisar... Isso serviu-me de ânimo... E resolvi enfrentar tal fera, que mutilava e comprimia humanos a pó...
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Respiro fundo.. Senti o mundo... Tenho liquido quente que circula pelas veias... Sinto essa circulação... É ritmada... Compassada... Carrego bomba biológica em mim... Bomba mecânica... Forte e vermelha... No meu plexo solar explode luz... Emana... Do fundo de mim.. Luz clara e amarela... Fagulhas em tons vermelhos ilustram as pontas das chamas... Por que elas parecem estrelas... As fagulhas... Fagulhas estreladas em partes de mim, emanadas por mim, produzidas por mim
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Sou a força de que preciso.
Sou a luz de que preciso.
Tenho em mim ações e intenções.
Tenho em mim vontade e querer.
E agora, ninguém mais vai poder,
Reduzir-me a vapor,
Oferecer-me outra dor,
Tirar-me amor...
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Protegida pelo escudo em broquel que parí,
Vivo agora a tentar entender o que pedí,
Aos céus no instante em que achei: - ah hoje morrerei...
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Pedí aos céus meus amigos,
De novo, um bom teto, um abrigo,
Protegido de ventos uivantes,
De crateras, rochosas e fervilhantes,
De corpinhos mutilados, coitados...
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Pedí aos céus consciência,
Que me tire da vida a demência,
De tratar o amor como um chão.

Um comentário:

Caio Caxico disse...

ainda não consegui ilustrar sua obra, to digerindo pra ver se sai algo, mas já fiz a capa(depois te mando pra ver se aprova)!

kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk